Top More Than 10 – Part II

Sessão Recomendo!

por Caroline Araújo 

Sorria e o Mundo Sorrirá Junto

 Continuando nossa série de indicações super mega blaster obrigatórias do cinema de verdade, saímos do Brasil e damos um jump CUT direto para a distante e diferente Ásia, que há alguns anos vem brindando o espectador com boas surpresas cinematográficas.

“OLDBOY”(2003) dirigido  pelo sul coreano Chan-Wook Park é fervorosamente fora da casinha e dever de casa para todos os bons cinéfilos de plantão. “OLDBOY” é o segundo filme da “Trilogia da Vingança” dirigida por Park, mas é absurdamente o melhor. Baseado em um mangá que fora publicado em 9 volumes em 1997, como o titulo da trilogia entrega, “OLDBOY” tem a VINGANÇA como carro chefe, porém, cirurgicamente costura uma teia onde Amor, Ultra-violência, o Tempo, hipnose, a crise da vida moderna, obstinações e tabus sexuais, municiem o filme a ponte de criar um denso e complexo poema visual que vai muito além de ser um filme que termina em 119 minutos de projeção.

A narrativa é sobre Oh Dae-Su (nosso “oldboy” interpretado por Min-Sik Choi), um homem que sem um porquê aparente é seqüestrado e levado à um fétido e impregnado quartinho, onde por durante 15 anos não existe contato com nenhum outro ser humano, tendo apenas uma TV como companheira. Mas ai de repente..chegamos a um plot point para ninguém botar defeito.

Existe uma mistura estética e de métrica narrativa e de montagem ácida. Ao mesmo tempo que temos a lentidão de um filme tipicamente asiático, temos a efervescência e hiper atividade de um videoclipe, e a eloqüência de um ótimo espécime cinematográfico de artes marciais. Junte à isso uma pitada de odisséia pós moderna, duas colheres do mix dos sentimentos humanos e coloque no fogo alto para que a combustão seja precisa.

Park consegue transformar a ultra-violencia em algo até certo ponto, belo. Fato este que o coloca no restrito roll de diretores que obtiveram sucesso semelhante nas telas, como Kubrick, Tarantino ou Lynch. Tudo no filme tem uma agressividade extrema, mas o mundo em suma é agressivo. Viver, se olharmos por um certo prisma, é assustadoramente agressivo.

Com um pulso de mestre o diretor consegue de maneira subliminar demonstrar o confinamento do homem atual dentro de si, dentro de todos os tipos de relações existentes na sociedade moderna. O Filme em si é uma apaixonante e desesperada busca por respostas, neste universo onde as respostas são inexistentes, ou, são respostas que queremos ter. Não as que realmente são.

Vencedor do Grande Prêmio do Júri de Cannes em 2004, “OLDBOY” ao mesmo tempo que perturba, incinera, dilacera e seca todas as infindáveis sensações que nos presenteia. Absurdamente dolorido, encantadoramente esquizofrênico, em uma sinfonia para todos os sentidos.