Em cartaz
Por Caroline Araújo
Com um roteiro melhor trabalhado e elenco em sintonia, o mais novo filme do detetive mais astuto do cinema pode até mesmo trazer novos fãs à franquia. “Sherlock Holmes: A game of Shadows – Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras” (2012) novo filme dirigido pelo acelerado Guy Ritchie brinca inteligentemente com os elementos apresentados no filme anterior e começa a desfazer o novelo, contando ainda com um elenco peso pesado, ou melhor dizendo, astuto como raposas e no mesmo compasso como uma valsa bem tocada no qual podemos destacar um intrigante vilão. A grande diferença é que não se trata apenas de mais uma continuação.
Superior em qualidade técnica quanto em escala textual narrativa, ele vai ser servindo a francesa um bom menu ao espectador, mas esquece de tirar a plaquetinha de receitas e deixar que o publico consiga distinguir os sabores que salpica na tela. Seu defeito mais preponderante e que não tem como passar batido: a falta de confiança na inteligência de sua plateia.
A relação entre Holmes e seu arqui-inimigo Moriarty é forte. Contudo, cada mínimo detalhe é explicado minuciosamente, seja por flashbacks ou pela montagem, não deixando qualquer espaço para deduções próprias. Se a gente levar em consideração a icônica figura do detetive criado por Sir Arthur Conan Doyle, deixar a plateia trabalhar um pouco a massa cinzenta para entender o que está acontecendo seria o mínimo.
O Roteiro continua a trabalhar as aventureiras perseguições, pancadarias e exóticos experimentos do detetive mais charmoso e astuto da Inglaterra, novamente interpretado com naturalidade por Robert Downey Jr. que veste a faceta detetive de forma tão eficaz, que esquecemos outros personagens que já tenha feito. A trama de agora é mais, digamos atraente. Holmes finalmente chega face a face com seu arqui – inimigo Moryaty (Jared Harris esplendido), tendo nas cenas onde polidamente ambos duelam, mentalmente, fisicamente e educamente. O duelo entre os dois principais personagens do filme, inclusive, é o grande atrativo do longa, pois a batalha entre Holmes e Moriarty, é praticamente toda cerebral, como se fosse um grande jogo de xadrez.
A trama é uma versão do que se vê no livro O Problema Final de 1893 no qual Holmes começa a suspeitar de uma série de roubos que não poderiam ser mero acaso e estariam interligados e que alguém “maior” estria por trás deles. Noomi Rapace interpreta a cigana Sim, mulher que, sob as mais inesperadas circunstâncias, torna-se parceira de Holmes e Watson durante a investigação. Stephen Fry, responsável por dar vida a Mycroft Holmes, o irmão mais velho – e mais inteligente – de Sherlock. E claro, Jude Law volta a personificar nosso inteligente Dr. Watson.
Somamos a isso a inconfundível assinatura de Guy Ritchie. Eu particularmente gosto, mas acho que desta vez nosso inquieto diretor passou um “tiquinho” do ponto. As câmeras lentas do primeiro longa, foram multiplicadas. Parece que tudo algo precisa desse recurso, quando na verdade, se tivesse optado por utilizá-las em situações pontuais, teria mais efeito. Existe uma cena, uma fuga na floresta em que esse recurso ganha proporções épicas. Para filmá-la o cineasta utilizou a câmera Phanton que grava até 1.000 grados por segundo, correndo através de árvores, e aumentando a intensidade e grandiosidade das ações.
Temos que fazer um parêntese ao trabalho que os roteiristas tiveram em homenagear a obra de Doyler ao criarem circunstâncias parecias com a famosa e fatídica luta nas cachoeiras de Reichenbach. No conjunto da Obra, “Sherlock Holmes: A game of Shadows” acerta em cheio ao continuar as aventuras de nosso brilhante detetive, logicamente, acertando em alguns aspectos e deixando a desejar em outros, mas acima disso, proporcionando a manutenção da obra e permitindo que o publico possa desde já pensar em um terceiro volume dessa franquia.
Elementar meu caro!