O Número 2 de uma bela Franquia

Em cartaz

Por Caroline Araújo

 

Com um roteiro melhor trabalhado e elenco em sintonia, o mais novo filme do detetive mais astuto do cinema  pode até mesmo trazer novos fãs à franquia. “Sherlock Holmes: A game of Shadows – Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras” (2012) novo filme dirigido pelo acelerado Guy Ritchie brinca inteligentemente com os elementos apresentados no filme anterior e começa a desfazer o novelo, contando ainda com um elenco peso pesado, ou melhor dizendo, astuto como raposas e no mesmo compasso como uma valsa bem tocada no qual podemos destacar  um intrigante vilão. A grande diferença é que não se trata apenas de mais uma continuação.

Superior em qualidade técnica quanto em escala textual narrativa, ele vai ser servindo a francesa um bom menu ao espectador, mas esquece de tirar a plaquetinha de receitas e deixar que o publico consiga distinguir os sabores que salpica na tela. Seu defeito mais preponderante e que não tem como passar batido: a falta de confiança na inteligência de sua plateia.

A relação entre Holmes e seu arqui-inimigo Moriarty é forte. Contudo, cada mínimo detalhe é explicado minuciosamente, seja por flashbacks ou pela montagem, não deixando qualquer espaço para deduções próprias. Se a gente  levar  em consideração a icônica figura do detetive criado por Sir Arthur Conan Doyle,  deixar a plateia trabalhar um pouco a massa cinzenta para entender o que está acontecendo seria o mínimo.

O Roteiro continua a trabalhar as aventureiras perseguições, pancadarias e exóticos experimentos do detetive mais charmoso e astuto da Inglaterra, novamente interpretado com naturalidade por Robert Downey Jr. que veste a faceta  detetive de forma tão eficaz, que esquecemos outros personagens que já tenha feito. A trama de agora é mais, digamos atraente. Holmes finalmente chega face a face com seu arqui – inimigo Moryaty (Jared Harris esplendido), tendo nas cenas onde polidamente ambos duelam, mentalmente, fisicamente e educamente. O duelo entre os dois principais personagens do filme, inclusive, é o grande atrativo do longa, pois a batalha entre Holmes e Moriarty, é praticamente toda cerebral, como se fosse um grande jogo de xadrez.

A trama é uma versão do que se vê no livro O Problema Final de 1893 no qual Holmes começa a suspeitar de uma série de roubos que não poderiam ser mero acaso e estariam interligados e que alguém “maior” estria por trás deles. Noomi Rapace interpreta a cigana Sim, mulher que, sob as mais inesperadas circunstâncias, torna-se parceira de Holmes e Watson durante a investigação. Stephen Fry, responsável por dar vida a Mycroft Holmes, o irmão mais velho – e mais inteligente – de Sherlock. E claro,  Jude Law volta a personificar nosso inteligente Dr. Watson.

Somamos a isso a inconfundível assinatura de Guy Ritchie. Eu particularmente gosto, mas acho que desta vez nosso inquieto diretor passou um “tiquinho” do ponto. As câmeras lentas do primeiro longa, foram multiplicadas. Parece que tudo algo precisa desse recurso, quando na verdade, se tivesse optado por utilizá-las em situações pontuais, teria mais efeito. Existe uma cena, uma fuga na floresta em que esse recurso ganha proporções épicas. Para filmá-la o cineasta utilizou a câmera Phanton que grava até 1.000 grados por segundo, correndo através de árvores, e aumentando a intensidade e grandiosidade das ações.

Temos que fazer um parêntese ao trabalho que os roteiristas tiveram em homenagear a obra de Doyler ao criarem circunstâncias parecias com a famosa e fatídica luta nas cachoeiras de Reichenbach. No conjunto da Obra, “Sherlock Holmes: A game of Shadows” acerta em cheio ao continuar as aventuras de nosso brilhante detetive, logicamente, acertando em alguns aspectos e deixando a desejar  em outros, mas acima disso, proporcionando a manutenção da obra e permitindo que o publico possa desde já pensar em um terceiro volume dessa franquia.

Elementar meu caro!

Um Belo Bolo, mas com pouco fermento!

Em Cartaz

Por Caroline Araújo

Até o dado momento, nenhuma outra produção cinematográfica tupiniquim havia ousado em TENTAR, veja bem, utilizar uma estética narrativa diferente das que costumeiramente saem belas bandas de cá, e fazer uso de uma linguagem visual cosmopolita e frenética, chegando ao que poderíamos classificar de “quase” estética Playstation, que vem ganhando o globo nos últimos 10 anos. Ok. Afonso Poyart ganha pontos ( e muitos!) por essa ousadia. No entanto, acredito que seu trabalho poderia ter realmente escancarado as portas para um novo cinema nacional, porém, ele ficou apenas na frestinha dela.

“2 Coelhos” (2012) longa de estreia de Poyart é uma belo exemplo de  ousadia e inventividade, cheio de referências diretaças de um cinema que MUNDIAL, até então, não é muito visto por aqui o que nos apresenta, uma miscelânea de linguagens, variadas e bem colocadas.Edgar (Fernando Alves Pinto) nosso protagonista vive em uma São Paulo cinza (claro) sem rumo certo. De cara percebemos que algo não é assim uma Brastemp, já que nosso rapaz gasta seus dias entre vídeo games e pornografia. Edgar possui varias pontas soltas em seu passado, que a medida que a película vai correndo, vamos tendo acesso as informações. Porém, neste momento, ele tem um plano brilhante      (na concepção torta dele que isso fique claro); uma espécie de justiça onde ele habilmente colocará corruptos e bandidos em rota de colisão e assim matar “2 COELHOS com uma cajadada Só!”

O tom de videoclipe construído mediante a excessiva utilização do slow motion após explosões, detalhes de estilhaços surgindo em câmera lenta em direção a rostos e corpos enquanto toca uma música Kings and Queens da banda 30 Seconds To Mars é a mostra do cinema de referência de Poyart, que podemos agregar ainda a utilização de uma espada e um universo paralelo onde Julia ( Alessandra Negrini) se esconde quando esta com crises de pânico – referencia direta a “Sucker Punch” de Zack Snyder e também a montagem anacrônica muito utilizada por Christoper Nolan, Guy Ritchie, o próprio Snyder entre outros.

Poyart parece gritar ao mundo o quanto é apaixonado por essa estética, o que  analisado por uma ótica é bom, porém a utilização em demasia de tais recursos compromete o ritmo fílmico em determinados momentos. E isso fez com que “2 Coelhos” ficassem sem a “Zape” final nesse jogo de Truco. Temos uma generosa ‘gordura estilística’ que merecia ser cortada.  E por outro lado, se pararmos para observar o texto, o roteiro que também foi escrito por Poyart não é assim uma Brastemp ².

Edgar é tão sujo quanto os bandidos e corruptos que quer colocar em colisão. Ele mesmo se beneficiou desse sistema fétido no qual vivemos ha mais de 500 anos, e de certa maneira, seu plano justiceiro é tão corruptível quanto, e vai além, ele é egoísta. Tudo é feito para reparar uma cagada (e das grande) que ele ocasionou. Assim é fácil.

Muitas criticas por ai, disseram que o filme é mais do que apelo visual pois tem uma forte crítica social sobre a corrupção embutida no subtexto. Eu descordo. Caso essa tenha sido a intenção de Poyart, ele a fez de forma errada, pois seu roteiro, como eu disse, nos dá um protagonista tão sujo quanto os bandidos que ele quer combater e mais egoísta que qualquer um, pois tudo é feito não pelo bem da nação ou de outrem, mas pelo bem de sua consciência culpada. Me diz que critica ou mensagem tem nisso¿¿¿

Contudo, volto a referenciar a ousadia em lançar ao espectador uma nova estética narrativa para o cinema brasileiro, cheio de referencias midiáticas e totalmente antenadas ao tempo e ao publico com o qual tece um diálogo. Acho que esse é o mérito de Afonso.

Vale frisar que os atores estão muito bem, dirigidos inclusive. Marat Descartes é um dos destaques, seu bandido Maicon é ótimo! Caco Ciocler também é destaque, embora credito que seu personagem ficou caricato por demais, professor universitário barbudo e sorumbático. hello?? Alessandra Negrini corrobora com generosos decotes e que ganharam slow, a ala masculina vai curtir. Os diálogos construídos também são pontos positivíssimos, lembra um jogo, dentro desse jogo construído por Edgar (metajogo – metalinguagem). Temos uma boa fotografia que permite o respirar acelerado da câmera de Poyart. O lance das musicas utilizadas serem referencias de bandas mundiais me deixou um outro “Q”. Poxa, temos bandas nacionais e compositores independentes que poderiam ter tido lugar nessa película. Se é para fazer filme nacional com referências mundiais, tudo bem, mas as trilhas bacanas serem só estrangeiras, hummmm bola murchaça né. Ah! quase me esqueço, os bichinhos demoníacos que Julia briga com sua espada, ficaram muito propaganda da Coca cola! a galera da BackMaria mandou muito bem nos efeitos, mas esse “mostros” podíam ter sido mais vicerais, tipo MOSTROS mesmo!

De qualquer forma é cinematografia obrigatória para os cinéfilos de plantão. Viva uma nova fase do cinema nacional.

A Política Nua e Crua

Opinião

Por Caroline Araújo

 

Em 2005 quando lançava “Good Night, and Good Luck”  George Clooney nos mostrava um refinamento e brilhantismo de realizador que através do seu talento natural conseguiu transformar aquele thriller dramático num forte candidato aos Óscares  e demais premiações. Pois bem, com alguns trabalhos a mais pesando no currículo de direção, seis anos depois, Clooney novamente nos mostra seu lado mais sagas no que tange seu novo projeto audiovisual.

“The Ides of March – Tudo pelo Poder” (2011) é uma história baseada no livro “Farragut North”, de Beau Willimon, e retrata os dias que antecedem as decisivas Eleições Primárias dos democratas do Ohio. O foco centra-se em Stephen Meyers (Ryan Gosling), um dos principais braços e consultor eleitorais do Governador Mike Morris (George Clooney), um politico idealista e que esta a apenas um passo de garantir sua vitória nessa corrida.  Quando olhamos para Mike Morris o temos como um farol de ideias e de bondade, integro e absolutamente o homem correto e de pulso para comandar a nação américa. Contudo, no seu íntimo, ele é tão falso e tão influenciável como o seu rival eleitoral que nos é descrito como sendo um homem inculto que não tem uma bússola moral bem definida.

Clooney nos proporciona uma elegante, delicada e minuciosa direção, fazendo com  o filme seja uma diáspora, entre torne um thriller cativante mas relativamente inocente, onde somos jogados a confrontar uma coerente análise ao lado mais obscuro e desconhecido ( ou nem tanto) da democracia.

Clooney, que ficou famoso na série dramática “ER”, nunca escondeu seu apoio ao presidente americano Barack Obama e sua luta por causas humanitárias o transformou, querendo ou não, em uma das estrelas de Hollywood mais “comprometidas” com as questões politicas da atualidade. Nada mais coerente que todo esse “ativismo” esteja presente nas escolhas dos projetos que ele dirigi. Quando “The Ideas of March” fora apresentado  em Veneza no ano passado, o George disse que tinha previsto rodar sua história em 2008, em meio ao entusiasmo pela eleição de Obama, mas desistiu porque “não era um bom momento para um filme tão cínico”. Percebemos esse entusiasmo em alguns pontos da direção de arte, que utilizou grafias e montagem de posters e cartazes para o fictício Morris inspirados da direção de arte da campanha do próprio Obama, como na frase: “  MORRIS  BELIVE!!”

O roteiro escrito pela dupla Grant Heslov e Beau Willimon em conjunto com o próprio George Clooney, busca estabelecer uma linguagem que cada vez mais vem invadindo temas até então nada explorados dando diversas sub-tramas que estarão intimamente ligadas, gerando assim   uma rede ainda mais complexa e perigosa. Clooney inteligentementecontrapõe os discursos tipicamente (fajutos) políticos de Morris com discussões internas sobre o rumo das eleições, os resultados da audiência televisiva e principalmente o (des)encobrimento de fatos determinantes para o término ou não da caminhada presidencial.  Simula sinteticamente a mentira que verte nos discursos maniqueístas e liberais de Morris.

 “The Ideas of March” consegue ainda sutilmente, jogar um spotlight no papel que a  mídia desempenha no destino do país. Ida (Marisa Tomei), jornalista do The Times, principal jornal do país, e uma figura com uma voz ativa e respeitada dentro da política nos trás o quanto essa relação política-jornalismo é moldada por troca de favores e chantagens beirando vários abismos morais.

Nesta “umbra” politica é onde nosso principal boneco se encontra: Stephen Meyers(Gosling), jovem ambicioso que desencadeia uma verdadeira batalha de bastidores para evitar a derrota eleitoral do seu candidato e para salvar a sua carreira. Meyers inicialmente nos é apresentado como um cara que possui um carácter leal e louvável que contrasta com as exigências do seu cargo. Entretanto, à medida que o filme vai avançando, ele se transforma num homem ardiloso e insensível que até monta um plano maquiavélico para salvar o seu candidato e ficar com o trabalho do seu chefe e mentor obedecendo a uma construção narrativa realista que deriva de um factualismo social e existencial. O filme me lembra a realismo a a narrativa de “The Social Network”, por isso figura como um dos melhores lançamento de 2011, e com indicações a premiações.

Ryan Gosling está soberbo como Stephen Meyers, e uma vez mais atesta que é um ator com talento, carisma e com versatilidades fantásticas. Absolutamente sua atuação merece uma indicação ao Oscar. Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti, Marisa Tomei, Jeffrey Wright e Evan Rachel Wood completam um elenco afinado.

Aberta a temporada de premiações arrisco palpitar que deva ser indicado aos prêmios de Melhor Filme, Direção, Roteiro Adaptado, Ator Coadjuvante para Clooney e Melhor Ator para Gosling. Vamos ver no que que dá¿

O “Home Run” do ano!

Opinião

Por Caroline Araújo

Mostrar os bastidores de alguns dos esportes mais populares das terras do Tio Sam é mais que recorrente em filmes de Hollywood. Até ai, nenhuma novidade. Em tempos de mitologias gregas, façamos o seguinte: Juntamos dois Titãs consagrados de roteiros – Steven Zaillian (“A Lista de Schindler”) e Aaron Sorkin ( “The Social Network”), um homem de coração puro e alma destemida para comandar a nau como o diretor Bennett Miller (“Capote”), e o próprio Apolo sob a terra – BRAD PITT –  para personificar um homem comum, mas de princípios sérios. Tudo em seus devidos lugares¿ sim¿ Ok, então temos nas mãos uma das equações mais positivas do cinema de Hollywood da atualidade.

Não é todo mundo que gosta de números, contudo, a cada dia eu acho a lógica da matemática e dos números fundamental. Para tudo!! Acredito sim, que existe uma dinâmica e uma repetição cíclica de fatos, uma previsibilidade no desempenho humano – seja ele aplicado no que for – que fascina. E que pode nos ajudar a buscar mais eficiência evitando erros conhecidos e que mundanamente persistem. Ainda assim, é claro, existe também o imprevisível. Verdade. Mas ele é apenas o contraponto de toda a previsibilidade calculável.

“Moneyball – O Homem que mudou o Jogo” (2012) a nova incursão de Miller na direção é uma longa baseado no livro de Michael Lewis sobre a temporada de 2002 do fracassado time de baseball Oakland Athletics. O filme acompanha as desventuras de Billy Beane (Brad Pitt), gerente do malfadado time que após uma temporada tão gloriosa quanto frustrante (uma equipa de basebol do meio da tabela) – cansa-se do padrão de funcionamento que os dirigentes impingem nos times. Fruto de capacidades económicas mais frágeis, e vendo os seus melhores jogadores constantemente serem desviados para as equipes mais abastadas, fazendo com que o time que comanda viva o ciclo vicioso de se contentar com as migalhas, impedindo-os de competir numa prova marcada pela lei do mais forte e pela falta de fair-play financeiro, Beane resolve usar um método apresentado a ele por Peter Brend (Jonah Hill), um jovem economista que cai no mundo do baseball utilizando fórmulas matemáticas para montar times.

Brend aponta que a fórmula de comprar astros de baseball é errada. Não são astros que uma equipe deve ter, mas vitorias. “E isso só é possível se você tiver jogadores que tenham boas médias em todos os fundamentos, e que custem 10 vezes menos que os Astros.” Você deve comprar Vitórias”, não jogadores.

Bennett Miller surge no panorama cinematográfico como um daqueles realizadores que só se envolve nos projetos que realmente lhe dizem alguma coisa, afastando-se um pouco da máquina de fazer cinema que é Hollywood. E isso nos salta aos olhos nos belos closes, e montagem de quadros que são mais que simplesmente imagens. Silenciosamente a composição delas fala ao espectador. A narrativa não se livra de alguns dos habituais lugares-comuns do gênero de filme esportivo, que isso fique bem claro. Mas acontecimentos inesperados sempre lhe dão algum espaço para brilhar e inovar, transformando o poderia ser um filme previsível numa obra repleta de simbolismo e uma forte carga emocional.

Pitt faz-nos acreditar na dor interna de Billy Beane com uma facilidade tremenda e Miller insere-nos na esfera dos acontecimentos com uma naturalidade deveras abismal.Nós passamos a viver o filme.Mas, “Moneyball” é muito mais que um filme sobre basebol, sobretudo porque emiti uma enorme mensagem de esperança e alertar a humanidade para a importância da integridade numa era pautada pela doença do dinheiro. Fotografia clara, bem dosada. Montagem construída com cenas emocionante de jogos ganhos no último minuto.

A força de um protagonista perseguido por fantasmas das escolhas do passado –“será que foram corretas¿” E um dueto fantástico! Pitt e Hill possuem diálogos que em vários momentos parece um jogo (metalinguagem), onde cada um rebate e completa a fala do outro. Philip Seymour Hoffman empresta sua faceta como o técnico dos Oakland que faz gosto ruim para as estratégias de Beane, e ficamos com ódio dele. Boa atuação.

Mas temos que destacar outro mérito de Miller: A Produção impecável! ele observou cada detalhe e assim, nos sentimos mergulhados no campeonato de 2002. Até mesmo as narrações dos jogos que vemos em tela foram feitas pelos narradores oficial da NFL, que falavam sem roteiro, apenas vendo as cenas. O estádio do Oakland Athletics também recebeu vários detalhes daquele ano de 2002, e até os patrocinadores da época foram trazidos de volta.

“Moneyball” defende a ideia de que o dinheiro não é o mais importante. Beane é um idealista, pai carinhoso, mas também um sujeito frustrado que, um dia, acreditou no sonho de um futuro fantástico, como esportista, e que viu suas ilusões terminarem sem o êxito prometido. Mas isso não justifica trair seus princípios, superstições e caráter. O filme é atual, real e próximo do espectador. Vivo. Pitt esta absoluto! Alias, há um bom tempo não existe um ator que consiga ter uma pluralidade de papéis e proporcionar a cada um deles interpretações únicas como este cara tem feito. Fora indicado ao Globo de Ouro de melhor ator drama, mas não levou. Pecado.

 

Nesta nova temporada de premiações “Moneyball” deve ganhar indicações de Roteiro adaptado, fotografia, montagem, ator coadjuvante e Melhor Ator para Pitt. E se os deuses do Olimpo mexerem os dedinhos, quem sabe, dessa vez ele leve. Amém!

ESQUARTEJAMENTO MITOLÓGICO

em cartaz

por Caroline Araújo

 

O atual tsunami de releitura das histórias mitológicas da Grécia com seus deuses, heróis e titãs vem reverberando pesadamente nestes últimos 2 anos. Embora saibamos que cada diretor tem uma visão diferente, cada roteirista tem sua liberdade poética, faz-se necessário colocar algumas rédeas para não bagunçar o coreto da história humana. Rédeas essas que faltaram neste mais novo “conto” que trabalha as lendas e mitologias da grande Grécia.

“Immortals – Imortais”(2011) dirigido por Tarsem Singh, A Cela” ( o que fica CLARO quando nos deparamos com o figurino das virgens do oráculo por exemplo),  que parece não se preocupar muito com o desenvolvimento do enredo; é um longa para se para assistir sem compromisso e sem apego à mitologia como descrita nos livros como aviso para não ter uma sincope no meio da projeção.

 As cenas de batalhas são grandiosas, impecáveis e sanguinárias. Seu problema é que Tarsem Singh acreditou que somente a intensidade visual seria suficiente para sustentar 110 minutos de projeção. Ledo engano.  A Preocupação demasiada  com a beleza de seu trabalho resultou com que ele não conseguisse desenvolver direito a história e os personagens, o que torna o filme um espetáculo belo, mas vazio e que dificilmente vale um biss.

Henry Cavill (o próximo Super-Homem) dá vida a Teseu, mas ainda não tem o carisma de um protagonista. Entretanto,  mostra desenvoltura como guerreiro  valente de coração puro e que deseja apenas defender os seus. Freida Pinto está inexpressiva tal qual no recente Planeta do Macacos: A Origem” e nada acrescenta ao filme a não sua beleza indiana. A nudez foi apelativa por demais.

Contudo, Mickey Rourke é o destaque do filme no papel de vilão, e acredito que não teria melhor interprete. Ressequido, árido e bruto! Uma personificação precisa . Porém, Mickey é totalmente  prejudicado por um roteiro que não abre espaço para os atores imprimirem profundidade em seus personagens, mesmo ele fazendo isso à fórceps.

O roteiro sabota e dilacera as lendas, embora em alguns atos busque referenciá-las. Mas nem tudo é um caos. A obra torna-se um interessante longa de ação-ficção cujos nomes dos personagens foram emprestados dos personagens gregos. Acho que essa seria a melhor definição.

A produção primorosa ( bem diferente do recente “Fúria de Titãs”), contando com a direção artística de Tom Foden, que marca com sombras pesadas a guerra entre a humanidade sobre o olhar sempre esperançosos dos deuses. Um dos pontos positivos são as cenas que recorrem à beleza paisagística da Grécia antiga retratada em obras medievais, tendo um cenário gráfico impressionante em conformidade ao figurino espalhafatoso, destacando-se nesse meio os deuses com suas armaduras douradas e os oráculos e jogam cores numa paisagem terracota e cinza.

Mas mesmo assim artifícios artísticos e técnicos não são o bastante para salvar do naufrágio a mediocridade narrativa descompromissada com a veracidade dos mitológica o que, de certo modo, pode ser encarado como ofensa por seus mais fiéis apreciadores.  E essa falta de compromisso, como num efeito dominó, nos leva a um desenrolar insosso e preguiçoso, cheia de argumentos supérfluos para encaminhar uma ótica discutível a respeito dos interesses de seu herói. Podemos destacar o decepcionante duelo contra o Minotauro no labirinto ( realmente faz parte da lenda de Teseu essa passagem). O novelo de linha que marcava o direcionamento de Teseu no labirinto deu lugar a rastros de sangue e o Minotauro vira uma besta. Patético.

Vale destacar a ira dos deuses num ato final – e um aparato técnico competente o bastante para glorificar o projeto pela experiência visual proporcionada, com câmeras angulosas, mas tristemente vazias. O que será que podem fazer com Jasão? #Tenso

We are back! Começemos com “Graça”

Dica Vídeo Locadora

Por Caroline Araújo

 

Depois de um break de merecidas e almejadas férias, voltamos a ativa neste universo cinematográfico com foco numas das paixões nacionais dos brasileiros: FUTEBOL! E olha que eu já ouvi dizerem que é impossível que o cinema ou TV consiga realmente externar a emoção de uma partida desse esporte. Bem, nossa dica corrobora ao contrário.

“Gracie”(2007) dirigido  Davis Guggenheim (“uma Verdade Inconveniente”) por é baseado na história real e familiar de Andrew(“Melrose”) e Elizabeth Sue(“Despedida em Las Vegas”) que integram o elenco deste drama esportivo que se passa em 1978 em New Jersey dentro de uma família onde o Futebol é parte da alma deles. Inspirado na vida da própria dos Shue e inicialmente sobre o irmão mais velho de ambos Willian, capitão do time Columbia High School que ganhou o campeonato estadual de 1978, mas, acabou morrendo em uma acidente automobilístico em 1988, o filme de fato acabou sendo um mix da historia de Willian e da própria Elizabeth que tentou jogar futebol a partir dos 09 anos numa época onde o esporte era liberado apenas para meninos e mesmo assim ela lutou para entrar no time o que de fato conseguiu e permaneceu até os 13 anos. “Gracie” foi rodado, inclusive, na escola e na cidade onde Shue cresceu.

A premissa do filme é a seguinte: Gracie Bowen (Carly Schroeder) tem 15 anos e é a única menina numa família com três irmãos que vive na cidade de New Jersey. Toda a vida de sua família gira em torno do futebol: seu pai e seus três irmãos são obcecados pelo esporte que praticam todos os dias, de manhã até a noite. Mas uma tragédia inesperada muda a vida de Gracie quando seu irmão mais velho e único protetor, Johnny, estrela do time de futebol da faculdade, morre num acidente de automóvel.

Como forma a superar a perda do irmão, e também para encontrar a sua própria voz- uma vez que a própria ama o esporte mas nunca pode mostrar que ela SABE de fato jogar, até mais o que irmão falecido- Gracie então inicia uma luta pelo direito de todas as garotas jogarem em times de futebol competitivos, engajada por uma determinação de jamais abaixar a cabeça.

Filme doce e edificante, e apesar de bastante previsível, dá-nos um drama familiar que mostra verdades simples sobre a superação de obstáculos aparentemente impossíveis e te deixa com uma sensação de calor e muito gratificante, no fundo. É um sólido , a história de esperança e inspiração que nos lembra do que poderíamos chamar de “old-fashioned” valores sobre a perseverança e tornando seus sonhos realidade. Antiquado? De jeito nenhum, porém peca nos clichês óbvios de um filme esportivo\ dramático.

O elenco tem bom entrosamento, a fotografia é regular e executa bem sua função. Talvez o roteiro devesse dar menos voltas em alguns momentos, e em outros esticar, mas de uma maneira geral o filme funciona.  Dermont Mulroney como o pai de Gracie, pai este que não consegue exprimir um real sentimento pela família, não me convenceu tanto. Suas facetas estão mais para um faroeste meia boca, do que para um pai que sofre a perda de um filho, mas que encontra a força para continuar em  outro.

E a direção de Davis Guggenheim também pesa negativamente. Ele não ousou, quis fazer apenas a lição de casa. Quem sabe porque se tratava de algo tão em casa já que é marido de Elizabeth. Isso prova, que nem sempre o santo de casa consegue fazer milagre e abusa de clichês. Mas vale a conferida.