Em Cartaz
por Caroline Araújo
Perturbador eu diria. Sistemático e meticuloso. Extremamente sagaz. Um Scorsese típico e deliciosamente bem feito. Lírico entre a esquizofrenia lúdica das ilusões luminosas de uma mente que necessita da solides de uma fantasia para poder-se manter sã.
“Shutter Island – A Ilha do medo (2010)” o novo filme assinado por Martin Scorsese é belíssimo. Cinematograficamente falando e também enquanto espectadora super mega blaster fãn. É óbvio que nunca se pode ser sempre gênio, e o bom diretor que se prese tem altos e baixo, e nesse ínterim faz os medianos. Scorsese produziu muitos filmes desses 3 tipos, mas também dirigiu os SUPER bons, um nível acima eu arriscaria, e nesse nível eu arrisco a colocar duas obras – “Taxi driver” e “The departament”. Hoje” Shutter Island” entra nesse Hal.
Roteiro sólido. Atuações impecáveis. Planos bem pensados e movimentos de câmera bem desenvolvidos. Um direção de arte luminosa e sombria ao mesmo tempo, fator este em perfeita sintonia com o roteiro, que brinca com essa dualidade dialética da realidade exposta.Temos a nossa frente uma aula de como fazer um bom filme. Boa utilização das tecnologias atuais para criar a atmosfera de verossimilhança necessária para a tensão contada. Sabemos que trata-se de um filme cuja habilidade de tencionar os nervos é primordial, e Martin faz isso com a maestria de um exímio professor.
Tecnicamente redondo. E com um dos atores mais emblemáticos de sua geração e que Scorsese não nega a predileção. Leonardo Di Caprio, mais uma vez rouba a cena. Intenso, o semblante jovial dá lugar a hum homem maduro e perturbado. Conseguimos esquecer outras atuações que ficaram carregadas em sua face. Só existe Teddy Daniels e sua necessidade de encontrar a verdade.
Dou um jump cut até “Gilbert Grape” filme que impulsionou a carreira de Di Caprio e lhe rendeu a primeira indicação a um grande prêmio. Lá, nos idos anos 90, era possível ter certeza de que o mundo ganhava um ator de peso, responsabilidade e muito bem focado em sua profissão, além de claro de belo. Quase 20 anos depois, é sempre um prazer poder constatar que sim, ele é muito mais que um galã, assim como Brad Pitt e Johnny Deep.
O mais crível e delicioso deste novo filme de Scorsese é que os antenados de plantão matarão a charada no meio do filme. Mas o fator de não ter certeza, ou a curiosidade da cena seguinte em como será, cola qualquer um na poltrona .Temos boas referencias de Hitchcock e um bom exemplar para configurar ao lado de “O iluminado” na estante de terror\ Suspense. E temos um vinho: Di Caprio. Quanto mais velho, mais encorpado, mais apaixonante em suas interpretações; cada vez melhor. Seria já uma aposta para o próximo Oscar¿ cartas jogas. Esperemos.