Façamos as apostas! – OSCAR 2012

Por Caroline Araújo

Como se estivesse em uma daquelas esteiras de academia suei um bocado para conseguir assistir ao maior número possível de indicados deste ano, e postar as minhas impressões antecipadamente, porém, eu tô com uma pilha de textos para postar que terão que esperar segunda chegar! Dessa forma, parto para o tradicional “palpite” e coloco um pouquinho de azeite nesse jantar que degustaremos logo mais. Comecemos pelos prêmios mais técnicos:

Melhor Roteiro Original

Considerada junto com Roteiro Adaptado uma das principais estatuetas da noite, pois não existe filme sem uma boa ideia, sem um roteiro bem construído. Bem, essa categoria é barbada. Woody Allen deve ser coroado mais uma vez, e absolutamente merecido. “Midnight in Paris” é delicioso. Dos concorrentes nesta categoria apenas “The Artist” poderia estragar essa festa.

Melhor Roteiro Adaptado

Talvez esta seja uma das mais acirrada competições da noite. Pois dos 5 concorrentes, três estão na principal de melhor filme, e os outros dois deveriam estar lá com toda a certeza. Temos um veterano de indicações John Logan por “A Invenção de Hugo Cabret”, O fantástico e preciso já oscarizado Aaron Sorkin  por “MoneyBall” e a dupla  Bridget O Connor e Peter Straughan  responsável pelo inteligentíssimo  “Tinker, Tailor, Soldier, Spy” .  QUEM DE FATO MERECE: Aaron (again) com seu “MoneyBall”, QUEM ACREDITO QUE VENÇA: Logan pela campanha de “A Invenção de Hugo Cabret” ou Bridget e Peter, pelo fato de poder dar a dupla inglesa o terceiro Oscar póstumo na historia da premiação com “Tinker, Tailor, Soldier, Spy”. Bridget faleceu de câncer em 2010.

Melhor Efeitos Visuais

A briga de fato será entre “Harry Potter” e “A Invenção de Hugo Cabret”, pois embora não tenha os carrinhos brigões de Transformers, são dois trabalhos que mostram que os Efeitos Visuais são mais do que  criação de personagens surreais. Uma grande pena aqui foi a ausência de “The Tree of Life” que na brilhante sequencia do Big bang, utilizou efeitos especiais a moda antiga, lentes dobradas, colas, pratos, tintas. ELE É QUEM MERECE GANHAR. Mas minhas apostas vão para a equipe de “Harry Potter” que já fora anteriormente indicada.

 

Melhor Mixagem de SOM e Melhor Edição de SOM

Bem, juntei as duas pois na minha humilde opinião, é meio que Non sense a Melhor Edição de SOM não receber a Melhor Mixagem de SOM. Nessa levada QUEM MERECE GANHAR é a equipe responsável por “TRANSFORMERS: O LADO OCULTO DA LUA”, agora, quem pode estragar a festa é: “CAVALO de GUERRA” que seria uma premio de consolação para o novo filme de Spielberg.

 

Melhor Filme Estrangeiro

Com a ausência de Almodóvar, essa é a segunda barbada da noite. “Separação” do Irã, VAI LEVAR. Só se ZEUS lançar um raio é que não.

MELHOR EDIÇÃO

Esta é a segunda categoria peso pesado da noite. Todos os indicados deste ano, já receberam OSCARS anteriores ou indicações. O maior peso pesado é Thelma Schoonmaker que tem mais de 35 anos de parceria com Scorsese sendo indicada6 vezes e vencido 3, a ultima por “The Departed”. Contudo; Kirk Baxter e Angus Wall a dupla de ouro da atualidade (venceram ano passado por “The Social Network”) vem forte com o trabalho feito em “The Girl with Dragon Tattoo”. QUEM MERECE: Kirk e Angus. QUEM GANHA: Kirk e Angus.

Melhor Fotografia

Este foi um ano inspirado nessa categoria. Robert Richardson, ganhou duas estatuetas anteriormente por “JFK e The Aviator”, Jeff Cronenweth bateu na trave ano passado por “The Social Network”, mas definitivamente este é o ano de Emmanuel Lubezki por “The Tree Of Life”. Lubezki já foi assistente de Richardson, sozinho já recebeu 4 outras indicações, e de todas as fotografias concorrentes deste ano a que executa no filme de Malick é SOBERBA. QUEM MERECE GANHAR E QUEM VAI GANHAR: “The Tree of Life” (palmas)

Melhor Figurino

Aposto ser o primeiro prêmio da norte para “The Artist” pelo belo trabalho de Mark Bridges.

Melhor Trilha Sonora Original

John Williams campeão supremo nesta categoria, está indicado duas vezes, mas creio que Howard Shore leve pela sua inspirada composição para “A Invenção de Hugo Cabret”, mas quem merecidamente deveria levar o careca de ouro é Alberto Iglesias por “Tinker, Tailor, Soldier, Spy”.

Melhor Canção

Vou ser bem bairrista, não entendi neste ano serem apenas duas canções competindo, então, acredito que o trabalho dos brasileiros Sérgio Mendes e Carlinhos Brown sejam os verdadeiros merecedores por “Real in Rio”

Melhor Direção de Arte

Aqui o fogo trocado é entre “The Artist” e “A Invenção de Hugo Cabret”. O segundo tá com dois cavalos de vantagem.

Melhor Maquiagem

QUEM MERECE: “Albert Nobes” e QUEM DE FATO GANHARÁ: “A Dama de Ferro”.

Melhor Atriz Coadjuvante

Essa é a terceira barbada da noite: Octavia Spencer por “The Help” sem concorrentes que a superem. Próxima

Melhor Ator Coadjuvante

Christopher Plummer por “Beginners” deve facilmente subir ao palco nesta noite, e merecidamente. Se pudesse ocorrer um empate, Max von Sydow por “Tão Forte tão perto” deveria dividir a estatueta.

Melhor Atriz

A grande briga de amigas. E nós ganhamos duas memoráveis atuações. QUEM DEVE GANHAR: Meryl Streep por “A dama de Ferro”; QUEM MERECE GANHAR: Viola Davis por “The Help”. Surpresas podem ocorrer.

Melhor Ator

Cinco atuações ímpares, de grandezas absolutas. Já vencedores, indicados recorrentes e desconhecidos completos. QUEM DEVE GANHAR: Jean Dujardin pela tocante atuação em “The Artist”. QUEM MERECIA GANHAR: mais uma vez Brad Pitt na brilhante atuação em “MoneyBall”

Melhor Diretor

Não estou sendo bairrista, e sim JUSTA. O melhor diretor de 2012 fez o melhor filme. Porém, dificilmente ambos ganham pelo simples fato de não ser um filme de fácil compreensão, que agrade o publico de forma geral, fato considerado e muito pela Academia Hollywoodiana de cinema. Contudo, 2011 foi o ano onde uma das MAIORES obras primas do cinema mundial foi concebida. Em um mundo JUSTO – e esse foi de certa forma uma das justificativas do Júri de Cannes – TERENCE MALICK venceria. (eu ainda, assim como muitos, tenho esperanças). QUEM DEVE GANHAR: Martin Scorsese por “A Invenção de Hugo Cabret” confirmando o resultado do Globo de Ouro deste ano. QUEM DEVERIA GANHAR: TODOS sabem – TERENCE MALICK por “The Tree Of Life”.

Melhor Filme

Bem, continuando a justificativa acima, os 09 indicados desta edição são diferentes prismas, células que compõe o macro do que é ser humano. Com Isso, algumas indicações como “Tão Forte e Tão perto”, se justifica, mesmo preterindo outro que tecnicamente deveriam ser lembrados. Entretanto, julgo que desses, apenas 5, que são dos cinco diretores indicados teriam o real peso de representarem o que melhor se produziu no cinema na língua inglesa (deixemos isso claro). Nessa premissa, julgo que a docilidade, encantamento, e a grata homenagem ao Cinema, como um poema de amor a profissão que exerce dê a “A Invenção de Hugo Cabret” a consagração da noite. Merecida¿ Pode ser. O filme é impecavelmente executado, Scorsese mostra porque diabos é um dos maiores cineasta da sua geração, sendo extremamente versátil nos projetos que encabeça e preocupando-se em extrair o máximo de seus atores para com o publico. Martin conhece o espectador, e faz para nós um filme delicado como as canções compostas por Shore, iluminando como os olhos viscerais de Asa Butterfield. Cada pedaço de seu filme tem um subtexto que homenageia a sétima arte. Foi por isso que recebeu o maior número de indicações. Obvio. Mas na outra ponta temos “The Tree Of life” como legitimo representante do cinema D’arte, densamente trabalhado, plasticamente executado. Malick possui uma das mais belas filmografias da historia do cinema, TODOS os seus filmes são pequenas joias. Sem dúvida. A contribuição para nos mostrar que nós, humanos, lemos as imagens. Basta senti-las, observá-las, entende-las. Extremamente atual, neste momento onde nos tornamos uma SOCIEDADE DE IMAGENS, sendo que nenhuma dessas imagens é inocente. Malick filosofa com elas, sobre a essência da humanidade, sobre a potencialidade do amor do PAI para conosco, sobre onde esta a semente do mal que habita em todos. Qual Natureza devemos seguir¿ a Da graça e Gloria¿ ou a selvagem¿ A Grandiosidade das questões levantadas e abordadas por Malick, endossam a grandiosidade de seu trabalho. Como disse anteriormente, não é um filme fácil, de forma alguma. Mas é cinema puro, forte, e desconcertante.

QUEM LEVA: “A Invenção de Hugo Cabret”

QUEM MERECIA LEVAR: “The Tree of Life”

Bem, são meus sinceros palpites nas principais categorias. Esperemos a noite para contabilizar as apostas. =)

O Inglês da vez – Oscar 2012

Opinião

Por Caroline Araújo

John Hurt, Colin Firth, Toby Jones, Benedict Cumberbatch, Tom Hardy, Mark Strong, Stephen Graham, Roger Lloyd-Pack, David Dencik, Ciarán Hinds, Kathy Burke e, logicamente, GARY OLDMAN. Com um elenco impecável como esse,  o director sueco Tomas Alfredson executa uma das mais primorosas películas de 2011, aliando técnica, inspiração e escolhas muito bem acertadas.

“Tinker, Tailor, Soldier, Spy – O espião que Sabia Demais”(2011), é um filme tão moral, que pincela pequenos dramas domésticos( e super importantes para compreensão da trama ) entre a grande sinuca – de – bico no qual a trama se centra: A Guerra fria. Impecavelmente ambientado no inicio dos anos de 1970, temos o serviço de inteligência britânico no meio do fogo cruzado entre CIA e KGB.  A divisão de “elite” da rainha enfrenta rumores de possuir um agente duplo em seu seio maternal. Como não poderia deixar de ser, MI9, recorre a um dos seus mais exímios servidores, o recém-aposentado “ex-expiãoGeorge Smiley para que se descubra quem é o vira – casacas.

Se por algum acaso espera  assistir um filme explosivo, barulhento, sangrento ou qualquer outro “ento” do momento esqueça. “Tinker, Tailor, Soldier, Spy” trata o espectador como um Sherlock Homes, deixando pistas, ligando fatos. Inteligente ao extremo e habilmente utiliza as grandezas cinematográficas para explorar o subtexto de seus personagens de forma pontual.

Smiley, não sorri. Irônico. Silencioso, discreto, sorumbático até. Começamos o filme com George a sendo conduzido a sua aposentadoria. Para esta nova etapa da vida, ele troca os óculos, por lentes novas. Mas, não deixa de ter a mesma disciplina, de outrora. Suas novas lentes, lhes mostram aquilo que antes não conseguira perceber.

Ellis – Mark Strong, assustado, sabe que esta sendo conduzido a uma possível emboscada, mas vai, porque no fundo sempre desconfiou de quem seria o vira- casacas, mas; doía muito admitir. O Talentoso fotografo  Hoyte Van Hoytema usou e abusou dos tons frios, acinzentados e marrons quase negros para compor uma fotografia que exprimisse exatamente essa zona entre os segredos e a realidade na qual espiões são obrigados a viver. E curiosamente apena Ricki Tarr – Tom Hardy possui um pouco mais de calor, cor, não adotando os taciturnos ternos e usando cabelos compridos, loiros e jeans. Tarr nos faz lembrar que até os espiões são humanos, não máquinas.

Gary Oldman  esta fabuloso. Aquele olhar poderoso adentra no espectador. Ele nos encara. Ele encara a todos. Não precisa bater, não precisa matar, ele vai extrair a verdade de você. Sempre no tom certo, a sua capacidade de transformação, para interpretar Smiley é assombrosa.

Todo ano um filme britânico sempre chega para o grande páreo do Oscar. “Tinker, Tailor, Soldier, Spy” é o britânico da vez. Milimetricamente pensado, e perfeitamente executado. A trilha sonora composta por Alberto Iglesias é ótima. Sempre marcante, sem nunca exagerar. A direção de arte é outro show a parte, as paletas de cores, objetos, o campo visual composto. Simplesmente fantástico. É isso que chamamos de trabalho de EQUIPE, e o cinema de todas as artes é uma arte de EQUIPE.

Concorrendo ao Oscar 2012 nas categorias de Melhor ator para Gary, Melhor Roteiro adaptado e Melhor trilha sonora original. Indicado a mais de 25 premios ao redor do mundo, no BAFTA 2012 levou para casa os prêmios de Melhor filme Britânico, melhor Roteiro Adaptado, Melhor Trilha sonora e Melhor direção de arte.

A Indicação de Gary vem para coroar uma brilhando carreira tecida por este singular artista. Com mais de 40 filmes no currículo esta é sua primeira indicação. Para quem já foi Drácula, Sid, Sirus Black, Smiley vem somar a sua galeria de personagens marcantes. Seria uma grata surpresa a sua vitória, embora meu voto e torcida estejam em outro candidato.

Acredito que a melhor chance seja na categoria de roteiro adaptado, uma vez que a dupla Bridget O’Connor e Peter Straughan  fizeram um trabalho magnifico em cima de um best-seller clássicos de Le Carré sobre a Guerra Fria. E Bridget seria a terceira pessoa a receber um Oscar póstumo em toda a historia da premiação. Ela foi vitimada por um câncer em 2010. De qualquer maneira “Tinker, tailor, Soldier, Spy” trás algo mais ao espectador, numa época onde costumamos sair vazios da sala de projeção. E as terra de vossa majestade mais uma vez nos dão uma bela lição de como fazer um BOM filme.

A humanidade observada com compaixão – OSCAR 2012

Opinião

Por Caroline Araújo

Com certeza, o mais novo trabalho de Chris Weitz, diretor conhecido mais por ter encarado as rédeas do segundo filme da Saga Crepúsculo, vai passar batido para muita gente. Talvez pelo preconceito por ele já ter dirigido esse sucesso teen, ou por acharem que a historia do jardineiro mexicano é banal por demais para merecer atenção. O fato é: Uma pena aos que pensarem assim, pois Weitz,  fez um filme que fala por si, onde as imagens são mais que meros enquadramentos.

É inevitável a comparação com o clássico neo-realista do cinema italiano de 1948, imortalizado por Vittorio de Sica “O ladrão de Bicicletas”. No filme de Weitz, “A better life – Uma vida melhor” (2011) a bicicleta sede a vez a uma caminhonete, onde Carlos GalindoDémian Bichir, é um simples e ilegal ajudante de jardinagem que vê a possibilidade de melhorar de vida ao comprar a caminhonete de seu amigo e patrão, pois este voltará ao México em breve.

A vida de Carlos é muito simples. O trabalho é incansável. Tudo para que seu filho Luis – José Julian – possa estudar e desfrutar de algo que nem Carlos sabe o que seja, mas com certeza, melhor do que ele próprio já experimentou. Ele dorme em um sofá na sala de sua casinha humilde, enquanto o quarto cabe ao filho. Carlos exala aquele tipo de homem, BOM, coração puro e que o fato de não ter ou ser mais, não o leva a agredir ou caminhar para a limítrofe linha de ações violentas, ilegais e imorais. Carlos possui uma moral impar. Sim, ele é ilegal e sabe o risco que corre diariamente. Tenta passar incólume. Mas mesmo assim, ele não se furta a responder por isso caso o destino o coloque frente a frente a um policial. Não, aos invés de correr, fugir, a hombridade singela de Carlos aceita suas sentenças.

E, mesmo que uma porta se feche, Carlos busca uma janela para ver o sol. Luis, seu filho que inicialmente julgamos mais um adolescente chicano que seguirá para uma gangue qualquer, de fato ama o caráter do pai. Isso só nos chega ao fim da película, em uma cena, esplendorosa onde o dialogo de pai e filho alinhava toda a historia até ali. Démian é um show a parte. A historia de Carlos ressoa como a de um homem em busca de uma sonho, que jamais esmorece, e que jamais perde a ternura e a fé. Mas esse Carlos só é possível, por Démian vestiu-o de forma tão perfeita, delicada, emocionada.

O filme é uma espécie de etnografia visual de uma LA dos bairros de população mexicana. Seus rodeios, musicas, festejos. Suas raízes e as miscigenações oriundas da influencia do país onde vivem agora, EUA. Poucos filmes norte-americanos deram um passo tão ousado (e honesto) na tentativa de retratar a experiência de uma família mexicana – americana de forma densa, e sem apelar para sensacionalismo. A cor laranja – amarelada obtida pelas lentes  de Javier Aguirresarobe só intensifica o cuidado que tiveram na construção da atmosfera deste trabalho. Lindas imagens. Expressivas. Pesadas.

Démian, chamou os holofotes ao ser indicado ao Oscar deste ano na categoria de Melhor Ator. Muitos torceram o nariz, eu mesma, por conta de tantos outros que mereciam e não estavam lá. Mas aprendi com a humildade de Carlos Galindo. Ele merece seu lugar ao sol com todas as pompas, embora, não leve o careca dourado desta vez. Na próxima. Pois, ficaremos de olhos atentos aos seus novos projetos. Ah, sim! e “A Better Life” absolutamente é um dos MELHORES FILMES de 2011. Fecha aspas.

WARRIOR! Fight!! – Oscar 2012

Opinião

Por Caroline Araújo

Vamos juntar alguns elementos conhecidos. Pai, que em algum momento da vida decepcionou os filhos, fazendo-os crescer amargurados e cheios de dor. Filho mais novo revoltadaço, sumido há 14 anos, que volta exalando sangue nos olhos. Filho mais velho, mais centrado, porém não menos amargurado, luta diariamente para proporcionar amor e conforto a sua família, coisa que ele em si não teve. Esposa LOIRA, claro. Motivos de saúde que entulharam a família em dividas insolúveis. A sensação de culpa pela morte do companheiro fuzileiro. A dor da separação aprupta dos pais que marcou a vida de dois irmãos para sempre. Uma chance. ONE SHOUT only. E. 5 milhões de dólares. Quase me esqueci, acrescente luta. Muita luta.

“Warrior – Guerreiro”(2011) dirigido por Gavin O’Connor iguala-se aos bons “The Wrestler” e “Fighter”, cuja temática gira em torno das lutas de boxe e neste caso, MMA, e ganha uma espaço na calçada da fama de filmes que valem muito a pena. Gavin, conseguiu ultrapassar as expectativas, e promoveu um filme que fala, não de superação como os outros citados, mas, sobre o perdão.

Tommy Conlon – Tom Hardy, ex-marinheiro, volta para casa de seu pai, Paddy numa interpretação primorosa de Nick Nolte; e descobre que em breve terá uma luta de MMA onde o premio é de 5 milhões de dólares. Nenhum pouco afetivo, por escolhas do passado, Tommy, pede que seu pai assine como treinador para que ele possa competir.

Acontece que temos o segundo filho, Brendon – Joel Edgerton, um professor de física, e que assim como Tommy foi treinado pelo pai na infância e adolescência na luta greco – romana, e por uma reviravolta do destino, precisa recorrer as lutas para sustentar sua família.

E, obviamente, que nossos 3 personagens centrais, possuem muita dor de um passado, que nos é trazido a tona, paulatinamente e de uma forma que, o espectador, construam no seu próprio imaginário, a torcida por qualquer um dos irmãos em questão. E também com 15 minutos você ja sabe onde a historia vai parar. E não conseguira deixar de acompanhar até o fim.

Bem montado, bem dirigido. “Warrior” prende o espectador num mata leão asfixiante. Entender as motivações de cada personagem é fundamental para sentir com maior intensidade as lutas no Octógono. Um pai que abre mão dos filhos, um filho que abre mão da mãe, e o outro filho que aguentou tudo e mais um pouco o que podia suportar.

Nick Nolte esta muito bem.  Merecidamente sua indicação ao globo de ouro e ao Oscar como Melhor Ator Coadjuvante. Porém, não leva. O’Connor, consegui utilizar ingredientes manjados de uma forma bem sedimentada, criando momentos de tensão, e segurando o espectador pelo gogó. Literalmente. De qualquer forma, não só pelo deleite visual de Hardy sem camisa –fala sério!!!! – “Warrior” superou e muito as expectativas. Vale o ingresso.

DRIVE ME, please! – OSCAR 2012

Opinião

Por Caroline Araújo

A nostalgia oitentista arrebata do inicio ao fim. O Cheiro de asfalto quente, inebria, ainda mais embalado por canções que te jogam em um turbilhão de referencias, que são dosadas, homeopaticamente para criar uma atmosfera sensorial incrível, e verdadeiramente cinematografica.

“DRIVE”(2011) do cineasta dinamarquês Nicolas Winding Refn, que deixou Cannes em 2011 de boca aberta, é um misto de Lynch e Tarantino em suas melhores assinaturas. Ousado e inspirado. Sim, Refn absolutamente estava bem inspirado nesse trabalho. Pense que, ele pega uma historia banal, de um cara inexpressivo que usa um casaco branco com marca de escorpião amarelo ridículo, e consegue alçar esse cara de forma ascendente, e transforma-lo num anti- herói, tão herói que torcemos por ele.

Ryan Gosling é nosso “Driver” em questão. Sujeito calado, quando fala sua voz pouco sobe. Inexpressivo, porém sempre prestativo, trabalha como dublê cinematográfico, e como motorista de assaltos esporádicos, além é claro, de ser um faz tudo para seu amigo e protetor Shanon interpretado por  Bryan Cranston. O personagens que nos é mostrado no inicio, aos poucos, desvela uma fúria e grandeza interpretativa voraz.

Gosling explode! E como explode!!! E Isso é monstruosamente belo. Em outras criticas de filmes em que ele participa, sempre chamei a atenção para a forma como ele se entrega aos personagens. Em “DRIVE”, credito, que seja o papel onde melhor ele pode mostrar seu talento, explorando nuances e mais nuances interpretativas. Estonteante.

Carey Mulligan que dá vida a personagem feminina da película, é Irene, vizinha de Drive. Casada, mãe de Benício. O interesse mutuo entre ambos, aparece, e o pseudo- romance que não se concretiza, é muito bem explorado, sem cair na pieguice.

De certa forma Refn, cria uma homenagem ao cinema de action figure, imortalizado por Hollywood quando elege seus personagens chaves, colocando a donzela de sua película como garçonete, o malvadão como um mafioso judeu que gosta de comida (já reparou que mafioso só come?) e o herói como aquele cara que faz o que precisa ser feito até as ultimas consequências. Ê Dirty Harry, hein!

Temos que chamar a atenção para a fotografia, sempre junto na construção do imaginário desse herói justiceiro. Silhueta contra luz, enquadramentos longos no olhar brilhante de Ryan ( existe uma cena onde a íris lembra o volante ou velocímetro dos carros), a escuridão onde apenas o velocímetro se move. Boas sacadas.

As cenas de corrida, deram a “DRIVE” a única indicação ao Oscar 2012na categoria de Melhor Edição de SOM, o que é bacana, mas dificilmente leva, ainda mais concorrendo com “Transformers: O lado Oculto da lua”. FATO. Contudo, Ryan e Refn MERECIDAMENTE, deveriam ter tido seus nomes lembrados. Ainda mais Ryan que acumula neste mesmo ano a estupenda atuação por “Tudo pelo Poder”. O Mundo nunca será justo de fato.

“DRIVE” é uma bela cinematografia, embora, contudo, perca um pouco o gás no meio da historia, mas a junção precisa de elementos, somada a doação que o elenco emprega em entrar nesse projeto e fazê-lo virar, é uma prova de que, boas ideias, precisam de bons executores. Ai elas transformam-se em marcos. Não foi a toa que Refn ganhou o Premio de Melhor Diretor em Cannes no ano passado. E ganhou por “DRIVE”.

Os: o casaco branco de escorpião, criação de uma iconografia de herói de impacto. Excelente para virar produto de lojas de departamentos. Não duvido.

Precisamos falar sobre NOSSOS Kevin’s – Oscar 2012

Opinião

Por Caroline Araújo

A visão rubra que se espalha pela tela não irá desmanchar-se ao final da película. Ela vai continuar em sua mente, mesmo que não queira, não tem como apagar. Lynne Ramsay, diretora escocesa, foi classificada em 2007 como número 12 do mundo na lista do Guardian Unlimited  que aponta os 40 melhores diretores da atualidade – só para constar o Brasil é representado po Walter Salles que ocupa a 23ª posição. Não é a toda que Ramsay ocupa esse ranking, e seu mais novo trabalho mostra por que.

Desconcertante. Um grito mudo, mas feroz. “We need talk about Kevin – Precisamos falar sobre Kevin”(2011), Lynne constrói um recorte sobre a onda de violência que jovens de hoje vem protagonizando, entrando em suas escolas, matando colegas, suicidando-se e por ai vai. Contudo a forma como Lynne conduz esse recorte, é assustadoramente mordaz.

Onde reside o mau no ser humano¿ Como conseguimos identifica-lo¿ Um pai, ou mãe seria capaz de compreender que seu filho, de certa forma não presta¿ Posso continuar a esmiuçar perguntas, e todas são aplicáveis ao cerne desta película. O ser humano em si, é mau; naturalmente mau  e muita vezes pode ou não aceita se dar conta disso.

Nosso Kevin em questão, é um garoto bonito, saudável, mas que desde criança apresenta alguns sinais “estranhos”. Um misto de criança mimada, com criança emburrada, sabe lá, vai crescendo e germinando maldades, principalmente na total falta de afeto que aparentemente demostrar possuir por sua mãe, Eva, personificada pela competência e beleza andrógena de Tilda Swinton. A própria mãe, de certa forma, expressa a incredulidade pelas ações do filho, mas diariamente se força atentar amar, compreender, e achar  outra forma de se aproximar de seu filho. Tudo em vão.

Ramsay, habilmente opta pela construção de uma narrativa estilhaçada, onde ao mesmo tempo conhecemos Eva livre e feliz no inicio de sua relação com Francklin  –John C. Reilly  ; depois em um jump cut temos Eva mãe tentando compreender a rejeição e ações capitaneadas pelo filho, e posteriore, Eva trapo humano, sofrendo agressões por ser mãe de um párea, frio, calculista e sarcasticamente odioso em uma interpretação inspirada do jovem Ezra Miller.

Fotograficamente bem feito, bem marcado, com uma direção de arte limpa, e cheia de vazios em grandes espaços, que traduz exatamente a extensão de vazio dentro dessa relação familiar tão delicada. Ótima sacada. Tilda, emprega seu olhar languido na construção de uma Eva que esmorece, mas, ainda sim, executa seu papel de mãe até o fim, sofrendo, aceitando a culpa, e não eximindo a responsabilidade de responder pelo que seu filho monstruoso fez.

Surpreendente e denso. Ramsay fez um ótimo filme. Aclamado pela critica, e em varias premiações internacionais, foi totalmente preterido nesta edição do Oscar. Uma pena lastimável. Por seu roteiro bem estruturado merecia a indicação de Melhor Roteiro adaptado, pois é inspirado  no romance de Lionel Shriver, merecia uma indicação tanto para Tilda como para Ezra. Pena. Pena. Pena.

Uma palavra resume tudo. DILACERENTE. Filmografia obrigatória aos cinéfilos de plantão.

A grandeza de VIOLA – Oscar 2012

Opinião

Por Caroline Araújo

Eu particularmente gosto de comédias dramáticas. Sabe por que¿ Ora, unir dois estilos que alguns julgam diferentes, em um guion, que precisa dosar um e outro de formas precisas para que se tenha uma receita final digna, não é fácil. Quando se trabalha, só comédia, você tem uma mão. Quando se trabalha drama, é outra forma. Quando se junta as duas, tudo pode acontecer, para o bem, ou para uma indigestão fílmica.

“The Help – Vidas Cruzadas” (2011) dirigido por, digamos, de certa forma estreante Tate Taylor, é uma ótima equação de drama e comédia, mas acima disso, é um filme de atrizes, como há algum tempo não se via.  Baseado no livro homônimo de  Kathryn Stockett lançado em 2009, a história se passa em Jackson, Mississipi – onde inclusive, Taylor nasceu e foi criado na vida real –em plenos anos 60, onde a segregação racial e os movimentos sociais nos Estados Unidos estão borbulhando em um caldeirão . Temos as patroas brancas e as empregadas negras. Temos as esposas “perfeitas” com seus vestidos floridos e seus chás da tarde fúteis. Temos o subúrbio sujo, guetos, banheiros onde brancos não entram.

Temos a cara cínica, de uma sociedade hipócrita, que durante longos anos sedimentou seus impérios sob a descriminação, sob sofrimentos, sob medo, sob a dor de tantos homens, mulheres e crianças negras que não puderam ter o mínimo direito de sonhar. De forma rasa, o roteiro proposto, não adensa o universo desse caldeirão. Isso é pano de fundo. O tema aqui, de fato, é a superação, de ter coragem para ter voz.

Viola Davis dá vida a empregada doméstica Aibileen Clark. A vida dela, foi criar filhos dos patrões brancos. Dar amor, as crianças quando seus próprios pais se recusam a. Ensinar a respeitar e ser alguém. Taciturna, e de certa forma amargurada, ela leva seus dias. Até que em dado momento, uma das senhoras brancas, Skeeter interpretada por Emma Stone, recém formada e pretensa jornalista, busca Aibileen para entrevista-la, como é que se sente criando essas crianças brancas. Quais histórias ela possui¿ Qual a visão de uma doméstica negra nesse mundo¿ Skeeter faz com que Aibileen descubra e ouça sua própria voz.

Viola é completa! Sua interpretação é monstruosa, soberba e tocante. Seus olhos perjuros, falam mais que a boca muda que seus patrões colocam em seu rosto. Absoluta. Sua atuação é a ponta de lança dessa película, mas não seria o que é, se o time de atrizes com as quais contracena não estivessem inspiradas e na mesma sintonia.

Octavia Spencer que interpreta outra doméstica e amiga de Aibileen, Minny Jackson, é um presente. Dinâmica, precisa e cativante. Outra gigante. Os grande olhos profundos, assim como Viola, expressão tanto e tão habilmente. Completam esse elenco Jessica Chastain, como Celia Foote, que mostra sua versatilidade, em uma não muito feliz para sua carreira, Sissy Spacekr e  Bryce Dallas Howard, que fantasticamente personifica a hipocrisia em carne e osso dessa sociedade em questão.

O mérito aqui, é o recorte que se faz nessa época. O recorte em cima de personagens, as domésticas negras, que ninguém parou para olhá-las de fato. Ninguém parou para refletir que foram elas que criaram os lideres dessa sociedade que hoje estão no comando. Esse é o ponto. Tate, extraiu de seu time de atrizes mais do que se imaginava. Extraiu personagens que poderiam ser caricaturas, mas que sob a pele delas, tornaram-se naturais. Existentes.

“The Help” vem ganhando a critica. No Oscar do próximo domingo concorre nas categorias de Melhor Atriz para Viola Davis, Melhor Atriz Coadjuvante com Octavia Spencer e Jessica Chastain e na principal, de Melhor filme. Bem, esta última, julgo, merecida a indicação, mas não leva. Coadjuvante, absolutamente é de Octavia, e apenas Jessica poderia tirar essa estatueta dela, ou seja, tá em casa. Agora Melhor atriz a briga é titânica. Duas grandes amigas em dois papéis brilhantes. Viola e Meryl Streep ( “A Dama de Ferro”) estão empatadas. E para qualquer uma delas, que a estatueta seja dada, esta valendo. Merecidamente.

Simplesmente J. Edgar – Oscar 2012

Opinião

Por Caroline Araújo

A palavre chave dessa vez é DIDATÍSMO. Sim. A mais recente empreitada de Clint Eastwood na direção, conserva apenas a sua assinatura fotografia e a predileção por temas de época, que datam algum momento parte da história. Contudo, deixando o quinhão de reflexão que tão habilmente acostumou-se a usar, Super Clint, nos entrega, um filme informativo, quase uma reconstituição de fatos, sobre o homem por trás da construção de um dos aparelhos de justiça mais eficientes da história americana. O FBI.

“J. Edgar”(2011), começa sua história ainda na década de 20, onde temos um jovem J. Edgar Hoover, interpretado de forma magnânima por Leonardo de Caprio, que dedica sua vida quase que exclusivamente ao trabalho, e dessa forma, vai galgando degraus e rapidamente ascende a posição de Diretor Chefe do Bureau de investigação que mais a diante transformara-se no FBI.

De certa forma, Eastwood, fez uma escolha detalhista, em alguns pontos demasiada, ao optar por mostrar passo a passo a transição do jovem idealista Hoover para o diretor do FBI que chantageava presidentes, demitia agentes por não estarem de acordo com o padrão intelectual e físico( e estilístico também!) desejado por ele e controlava a mídia divulgando mentiras.

 

Di Caprio, personifica Hoover com uma paleta de nuances impressionante, vemos o velho diretor em fim de carreira lutando para defender a imagem do FBI que teme ver tudo o que construiu desmoronar. Mas no fundo, a rocha e a retidão que ele externa, são apenas um muro, para esconder a fragilidade desse homem que se escondeu a vida inteira dentro de si mesmo. Um homem egoísta, arrogante, inseguro, paranoico que conseguimos desvelar cada camada, embora, mesmo que a maquiagem tenha corroborado para a atmosfera cênica, eu acho que em alguns momentos ela ficou over por demais. Mas isso passa batidão.

“J. Edgar”  é um bom filme, tem a marca, pulso e cadência, características do bom trabalho que Eastwood sempre executa. Contudo, a tentativa de Clint em humanizar um dos ícones mais famosos da história americana do século 20, é exitante, e parece nos contar apenas meias histórias.

A questão sexual de Hoover, sua homossexualidade, foi tratada de forma inteligente e tocante, mas grande parte do mérito deve ser creditada ao parceiro de Di Caprio em cena, Armie Hammer (“The Social Network”) que criou com Leo um dueto perfeito. Uma das cenas mais poderosas, é quando Hoover, após perder a mãe, se veste de mulher frente a um espelho e estilhaça um colar com um choro copiosamente dolorido. Isso nos leva a angustia que deva ter sido sua vida, escondendo-se entre estatuas que colecionava em seu quarto (só vemos isso quando ele sucumbe ao fim do filme) e entre o peso de externar uma retidão absurda de caráter.

Naomi Watts integra o elenco central, sendo a secretaria e confidente, que passa quase 40 anos ao lado de Hoover. Singela sua participação. Judi Dench como sempre é uma atriz que agrega em suas interpretações. O peso do preconceito, da instituição família, do dar importância ao que os outros ( sociedade) encaram como certo esta todos enraizado nas suas aparições. perfeita A delicada construção que Clint faz, do Herói e anti –herói ( Sim Hoover se enquadra em ambos) é um belo trabalho.

Sem duvida alguma, Di Caprio entrega-se e é este filme. Sem o peso que devota, não teria a importância e magnitude que conseguiu externar. Não é uma das obras primas de Eastwood, mas vale cada centavo do ingresso. Recebeu varias criticas positivas e indicações ao Globo de ouro, entretanto, no Oscar deste ano, foi solenemente ignorado. Uma pena. Di Caprio merecidamente deveria estar com seu nominho nessa lista.

A Sutileza do Cotidiano – Oscar 2012

Opinião

Por Caroline Araújo

 

De uma maneira clara, no mundo cinematográfico não basta você ter, astros milhões em orçamentos, roteiros mirabolantes, ou não, mas que sejam astutos (tenho gostado dessa palavra ultimamente) e intensos, ter uma boa história nas mãos; é preciso saber transforma-la em experiência de cinema. E isso, é algo tão indelével quanto ter um bom ator para puxar o carro.  Alexander Payne, indiscutivelmente, teve o astro, o elenco, o roteiro, a sorte, a inspiração e o pulso para transformar uma historia sobre os arcabouços escondidos dos sentimentos humanos e nossos relacionamentos familiares em um filme, pujante, sensível, intenso, e melancolicamente naturalista. Nós podemos ser qualquer um dos protagonistas. Personagens reais. Personagens tangíveis.

“The Decendants – Os Descendentes”(2011) magistralmente dirigido por Payne, nos leva a viver a historia de Matty King (George Clooney), um advogado régio, pacato, pai de família, herdeiro de uma verdadeira fortuna em terras num paraíso ambiental na costa do Hawai, dedicou sua via ao trabalho, e, agora, precisa reordenar sua família após uma grave acidente sofrido por sua esposa, e precisa acima disso, encontrar dentro de si força e principalmente, o que lhe move verdadeiramente.

Clooney esta magnifico. Transfigura em uma Matty King que possui um coração raro. Seu personagem é forte, mas ao mesmo tempo extremamente frágil, sensível e incompreendido. A naturalidade com que o astro “veste-se” de Matty King é absurda, e um dos pontos altos dessa película.

Perdoar e pedir perdão. Como fazemos isso¿ Como sermos tão indulgentes e entender que, nossas histórias aqui na terra são mais efêmeras que éter, e que, um simples trocar de peças, joga nossos castelos (de areia) todos a baixo. Não fomos criados, ensinados e preparados para lidar com perdas, e principalmente com o sentimento de rejeição, de troca, de traição.

As digitais de tais situações impregnam nossas almas e nos levam a justificar ações que muitas vezes tomamos como certas, mas que são injustificáveis. King nos da uma lição de humildade, amor e perdão. De uma maneira doce, como as ondas que arrebentam na enseada verde esmeralda do Hawai, “The Decendants” transita entre o cômico e o drama da mesma maneira que a vida da gente o é.

Temos um filme de personagem, que nos guiam que nos tocam e que nos ensinam.  A jovem atriz Shailene Woodley, que interpreta a filha mais velha de King, Alex,  e que aparentemente é uma rebelde sem causa segura firme na mão de George e esta em pé de igualdade as suas interpretações. Uma grata surpresa.

São 117 minutos versando sobre a condição humana e seus desdobramentos, sentindo a brisa suave o Hawai tocar-nos a face, e ávidos para saber o que vai acontecer com nossos personagens. Payne foi eficiente. Sem duvidas. Agregou de forma sutil, temas fortes, redecorou, e trabalhou firme para dar a “The Decendants” a leveza necessária para nos tocar. Um belo trabalho fotográfico aliado, e um elenco a apoio afinado, são méritos que devemos acrescer.

Por onde tem passado “The Decendants” ganha a critica, prêmios e público. Grande vencedor do Globo de Ouro deste ano dando a Clooney  o prêmio máximo, recebeu 5 indicações ao Oscar 2012 nas categorias Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Diretor, Melhor Edição e Melhor Roteiro Adaptado.

Na minha opinião ele é forte concorrente em apenas 3, Roteiro Adaptado, Filme e Ator coroando Clooney como um dos queridinhos da américa. Mas assim como a vida, essas premiações, são imprevisíveis. Palmas a Payne.

Quando um diretor faz toda a diferença – Oscar 2012

em Cartaz

por Caroline Araújo

Algumas vezes eu simplesmente me jogo em uma sala de cinema, sem saber nada sobre o que vou assistir. Isso é bacana, porque quando lemos, ouvimos ou pesquisamos sobre determinada obra, invariavelmente, assistimos um pouco com “os olhos de outrem”, não os nossos.Foi exatamente isso que fiz ao me colocar na fila para assistir ao mais recente trabalho do diretor norte – americano David Fincher, que após inteligentemente nos presentear com “The Social Network” que para mim, continua sendo o grande merecedor do Oscar de 2011, ele adentra o universo do suspense que tão habilmente trabalhou em “Seven” e “Zodiac”.

 

“The Girl with the Dragon Tatto – Millennium:Os Homens que Não Amavam as Mulheres”(2011) é um longa adaptado do famoso best-seller  suéco de Stieg Larsson, no qual Depois de ver a sua vida profissional andar para trás com um processo de difamação do qual saiu derrotado, Mikael Blomkvist (Daniel Craig) demite-se da revista Millennium onde trabalhava como jornalista e embarca numa viagem até ao norte da Suécia para reunir com Henrik Vanger (Christopher Plummer), um empresário reformado que decide recorrer aos seus préstimos para investigar o desaparecimento de uma jovem familiar. A princípio, Mikael mostra-se reservado e com pouca vontade de aceitar a proposta de Henrik.

Mas quando este lhe promete a cabeça de Wennerström (Ulf Friberg) – o homem que o processou por difamação –, Mikael sabe de imediato que não tem escolha senão fazer tudo o que Henrik quiser. Assim começa um processo de investigação às escondidas, que leva Mikael a tomar conhecimento de todos os podres de uma família de empresários verdadeiramente difícil de aturar.

Personagens fortes, mistérios e segredos de família compõem a trama articulada. Apesar dessa complexidade, há um tema que une todos os elementos: a violência contra as mulheres está sempre presente no enredo. Para manter-se fiel ao tema central, o filme traz cenas fortes, que ficarão na mente do espectador por um bom tempo depois de terminada a sessão.

 

A medida que vai descobrindo fatos, Mikael percebe que precisa de ajuda, é então que entra em cena a hacker punk Lisabeth Solander (Rooney Mara). A Lisabeth de Rooney parece um animal acuado, numa intrigante mistura de vulnerabilidade e agressividade, tendo uma excepcional atuação que rouba varias das cenas. Alias, desde o inicio nós conhecemos Lisabeth. Fincher ao mesmo tempo que nos apresenta Mikael, nos apresenta Solander. Mas ambos não se cruzaram fisicamente ainda. E as historias de cada um, caminham paralelas, até que elas inevitavelmente se chocam.

A força das imagens, cinza, fria e distante, a fotografia com a profundidade de campo característica de Jeff Cronenweth que já trabalhara com Fincher em “Fight Club” e “The Social Network” é linda! Movimentos elegantes e inteligente, como a trama é. Bem montado, com um trabalho sonoro fantástico, a cena que Mikael tem um saco de ar colocado na cabeça dificultando a respiração é magnifica, o trabalho sonoro ali, preciso como um bom bisturi.

Alias, falando em precisão, a violência também é e, em momentos necessários, sem termos nenhuma gota de sangue a mais. Vou a Lá!Steven Zaillian é quem assina o roteiro, o que apesar se ser bastante eficiente, poderia ter dito soluções mais diretas e certeiras. Fincher discorre de forma inteligentíssima, todos os elementos fílmicos, trazendo ao espectador, um filme forte, astuto, envolvente e marcante, na medida. Mas não faria isso sem Mara e sem Cronenweth.  A sequencia inicial de créditos já nos dá uma pista de que o ingresso vale cada centavinho e que as duas horas e meia vão voar na sua frente, embora concorde que os 10 minutos finais foram, digamos, desnecessários.

 

Não são todos diretores que conseguem proezas como essa. Fincher acerta mais uma vez. E a gente, senta e bate palmas. “The Girl With Dragon Tatto” recebeu  cinco indicações ao oscar Melhor Atriz para Rooney Mara, Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Mixagem de Som e Melhor Edição de Som. Rooney não tem chances, mas mereceu a indicação e a partir de agora terá muitos holofotes em cima. Mas não me surpreendo se Cronenweth levar, já que ano passado foi indicado e não levou, embora este ano ele tenha que superar o mexicano Emmanuel Lubezki que concorre por “The Tree of Life”. Páreo Duríssimo!