Dica para sexta
Por Caroline Araújo
Basicamente temos uma história autentica sobre sonhos, amizades e valores perdidos entre as durezas do tempo. Esqueça o cinema de sombras, marca incontestável da bela cinematografia alemã. Deixe-se envolver pela possibilidade de renovação, contudo, que homeopaticamente mostra os arcabouços ainda dolorosos de realidades históricas tão vividas naquela parte do leste europeu. Junte um elenco “quase” desconhecido, mas extremamente inserido na proposta do roteiro e entregue a direção ao na época estreante Gregor Schnitzler. Pronto. Temos nas mãos a nova safra repaginada no cinema alemão com a boa idéia “ O que fazer em caso de Incendio?”- Was tun, wenn’s Brennt?(2003).
As sombras ainda estão por ali, mas temos luz. Muita luz. A história proposta é sobre um grupo de amigos punks, que quinze anos antes participavam assim como tantos outros jovens em suas épocas de rebuliço, de movimentos sociais querendo liberdade, queda do muro e afins. Como tantos outros grupos da época, passeatas, bombas caseiras e protesto eram o que permeavam e uniam esses amigos. Até que; o tempo, passa. Nos caminhos futuros seguidos por cada um, a não ser Tim e Hotter que mantiveram as lembranças desbotadas daquela época, nenhum outro dos 6 amigos mantiveram contato.
Porém, como tudo é cíclico (isso esta ficando redundante mas é verdade) o passado inesperadamente bate a porta de cada um, fazendo relembrarem, sofrerem, amarem e principalmente mostrarem para si e para os outros o peso da palavra AMIZADE.
Com uma das cenas mais poéticas do cinema atual (a explosão do extintor e a chuva branca em slow com todos em dança sob aquele manto alvo é fantástica), boas atuações, boas sacadas de câmera, boa trilha sonora e uma nostálgica sensação de ter vivido nos quinze anos que precedem o tempo real do filme. “O que fazer em caso de Incendio?” mostra que o cinema europeu pegou um pouco da fantasia de produção do americano – dialética total- mas não deixou suas características, um brinde de sempre tentar-se fazer um poema visual. Então, Deixemos Queimar!